Cortar o leite da dieta é uma das primeiras atitudes de quem descobre que tem cálculo renal. A ideia de que “leite é rico em cálcio e minhas pedras são de cálcio” parece fazer todo o sentido, mas na prática, pode ser um erro.
Hoje, vou esclarecer se o leite realmente causa pedras nos rins ou se ele é, na verdade, parte da solução.
Leite e cálculos renais: mito ou verdade?
O tipo mais comum de cálculo renal é o cálculo de oxalato de cálcio. Ele se forma quando o oxalato (presente em diversos alimentos vegetais) se liga ao cálcio na urina.
“Então é só cortar o cálcio da dieta pra evitar a formação de pedras?”
Na verdade, não.
Quando você reduz muito o consumo de cálcio alimentar, o oxalato dos alimentos passa a ser mais absorvido no intestino, e com isso, vai parar nos rins, aumentando o risco de formar cristais.
Cálcio na medida certa protege
Quando você consome cálcio na quantidade adequada e junto com alimentos ricos em oxalato (como espinafre, beterraba, amêndoas, cacau…), esse cálcio se liga ao oxalato ainda no intestino, formando um composto que é eliminado nas fezes.
Ou seja: o cálcio da alimentação age como protetor, não como vilão.
Quantidade ideal de cálcio por dia
As recomendações gerais variam de acordo com a idade e sexo, mas para adultos com risco de cálculo renal, uma ingestão entre 800 mg a 1000 mg de cálcio alimentar por dia costuma ser segura e benéfica.
Isso pode ser atingido com:
- 1 copo de leite (240 ml) = ~250 mg
- 1 pote de iogurte natural = ~300 mg
- 1 fatia de queijo branco (50g) = ~400 mg
O segredo é distribuir essas fontes de forma equilibrada nas refeições.
Quando o cálcio pode ser um problema?
Existem casos de hipercalciúria (excesso de cálcio na urina), geralmente relacionados a fatores genéticos, desequilíbrio no consumo de sal, ou uso de suplementos sem indicação.
Mesmo nesses casos, não se recomenda cortar o cálcio alimentar, e sim:
- Reduzir o sal da dieta (o excesso de sódio aumenta a excreção de cálcio)
- Avaliar a ingestão de proteínas
- Usar medicamentos se necessário (conforme prescrição médica)
- Acompanhar com exames como urina de 24h
Cuidado com o excesso de suplementos
O risco está principalmente nos suplementos de cálcio, que quando tomados sem necessidade podem elevar os níveis de cálcio na urina e aumentar o risco de cálculo.
Por isso, toda suplementação precisa ser feita com aval médico e acompanhamento nutricional.
E quem tem intolerância à lactose?
Não precisa excluir todo laticínio da dieta. Há alternativas como:
- Leites e iogurtes sem lactose
- Queijos maturados (como parmesão) que têm menos lactose
- Bebidas vegetais fortificadas com cálcio (leite de amêndoas, soja, aveia)
O importante é manter a ingestão adequada de cálcio, mesmo com substituições.
Leite causa pedra nos rins?
Não. O leite, quando consumido com moderação e dentro de um plano alimentar equilibrado, pode ajudar a prevenir cálculos renais ao reduzir a absorção intestinal de oxalato.
Quem precisa ficar mais atento é quem faz uso frequente de suplementos sem indicação ou tem dieta rica em sal e proteínas, sem acompanhamento.
Como montar um dia alimentar que protege os rins?
Alguns exemplos:
Café da manhã:
- Pão integral com queijo branco + fruta
- Leite ou bebida vegetal com cálcio
Almoço:
- Arroz, feijão, carne magra
- Vegetais cozidos (menor teor de oxalato)
- Suco natural + água ao longo do dia
Lanche da tarde:
- Iogurte natural ou fruta com aveia
Jantar:
- Sopa com legumes e frango + fatia de queijo
Tudo isso pode ser ajustado de forma personalizada com orientação profissional.
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Aline Goto
Nutricionista CRN10 2478