Se você já teve cálculo renal, é bem provável que alguém tenha falado:
“Evita espinafre, amêndoa e beterraba tem muito oxalato!”
E aí começa a confusão: o que é esse tal de oxalato? E será que ele é mesmo um vilão?
Hoje, vou esclarecer tudo com calma, sem terrorismo, e com foco em te dar segurança pra comer bem.
Afinal, o que é oxalato?
O oxalato é uma substância naturalmente presente em muitos alimentos principalmente vegetais, sementes e castanhas.
Ele também pode ser produzido pelo nosso próprio corpo, como parte do metabolismo normal.
O problema aparece quando o oxalato se une ao cálcio na urina, formando cristais. Se esse ambiente urinário estiver desregulado (pouca hidratação, excesso de sódio, baixa ingestão de cálcio), esses cristais podem crescer e virar pedras.
Preciso cortar todos os alimentos ricos em oxalato?
Não.
Essa é uma das maiores confusões que vejo acontecer por aí. Só porque um alimento tem oxalato, não significa que ele está proibido.
Vamos esclarecer:
- O oxalato só vira problema quando está presente em excesso na urina e encontra um ambiente favorável pra se cristalizar.
- Alimentos como espinafre, cacau, beterraba e amêndoas são nutritivos e podem fazer parte da alimentação, com moderação e estratégia.
Quando o oxalato merece mais atenção?
Vale investigar e cuidar do oxalato com mais atenção se:
- Você já formou pedras de oxalato de cálcio (e isso foi confirmado por exame ou análise do cálculo)
- O exame de urina de 24h mostrou níveis elevados de oxalato urinário
- Você tem condições que aumentam a absorção de oxalato, como doença inflamatória intestinal, cirurgia bariátrica ou síndrome do intestino curto
Se nenhuma dessas condições se aplica ao seu caso, não há motivo para cortar alimentos saudáveis com medo do oxalato.
O papel do cálcio (e por que não devemos cortar!)
Uma das estratégias mais eficazes para lidar com o oxalato não é evitá-lo a todo custo, e sim combiná-lo com cálcio na alimentação.
Isso porque:
O cálcio se liga ao oxalato no intestino.
Isso impede que o oxalato seja absorvido em excesso.
E ele é eliminado pelas fezes, sem sobrecarregar os rins.
Ou seja: cortar cálcio da dieta pode ser um erro, você pode acabar absorvendo ainda mais oxalato.
A recomendação é: mantenha boas fontes de cálcio no dia a dia, como iogurte, leite, queijos leves especialmente nas refeições que contêm alimentos ricos em oxalato.
E quais alimentos têm mais oxalato?
Aqui vai uma ideia geral, só pra referência (não como lista de proibições):
Alimentos com alto teor de oxalato:
- Espinafre
- Beterraba
- Amêndoas
- Cacau e chocolate escuro
- Farelo de trigo
- Batata doce
- Rúcula (em excesso)
Alimentos com baixo teor de oxalato:
- Couve
- Brócolis
- Abobrinha
- Pepino
- Banana
- Manga
- Arroz branco
O segredo está no equilíbrio e no contexto. Um alimento isolado não vai causar pedra o que importa é o padrão alimentar como um todo.
Estratégias inteligentes pra quem precisa controlar oxalato:
- Não corte tudo: foque em reduzir, não excluir
- Combine com cálcio alimentar nas principais refeições
- Beba água ao longo do dia (não só tudo de uma vez)
- Evite excesso de vitamina C em suplemento ela pode virar oxalato
- Ajuste a ingestão de sódio e proteína eles também afetam a formação de pedras
Conclusão
O oxalato sozinho não é o inimigo.
Ele faz parte de uma história muito maior que envolve hidratação, equilíbrio de nutrientes e o funcionamento do seu corpo como um todo.
Com a orientação certa, é possível manter uma alimentação gostosa, nutritiva e segura sem viver à base de lista de “pode” e “não pode”.
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Aline Goto
Nutricionista CRN10 2478